A pandemia da Covid-19 resultou em um crescente número de pessoas que passaram a apresentar problemas de saúde originados do estresse e ansiedade. Nos consultórios odontológicos, a procura por atendimento para casos de bruxismo tem sido elevada desde o início da pandemia, em março de 2020. O alerta é do bucomaxilofacial Thiago Leite que afirma um aumento considerável de doenças relacionadas ao estresse nos consultórios odontológicos.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 84 milhões de brasileiros sofrem de bruxismo, o que equivale a 40% da população. Em Feira de Santana, na Bahia, Thiago Leite afirma ainda que pacientes com dores orofaciais, dores de cabeça e na face, tem sido o mais comum em seu consultório e os fatores emocionais, também relacionados à pandemia, são o motivo número um de cerca de 50% no aumento dessas doenças.
De acordo com Thiago Leite, os pacientes quando estão estressados, passando por algum momento de privação de sono, irritabilidade, transtorno de ansiedade generalizada costumam desenvolver o que os profissionais chamam de bruxismo, problema que consiste no ranger ou pressionar os dentes, principalmente durante o sono e que, se não for tratado, pode causar desgaste e dor nos dentes, bem como outros tipos de dores citados pelo bucomaxilo. “O coronavírus, juntamente com o período de isolamento e avanço da doença trouxeram muita tensão na vida das pessoas. O medo, angústia e ansiedade combinados com a tensão emocional fazem com que o bruxismo fique ainda mais evidente, o que se percebe com o aumento desse perfil de paciente nos nossos consultórios odontológicos, especialmente em mulheres, explica Thiago Leite.
Thiago salienta ainda que o bruxismo sobrecarrega toda musculatura do crânio e da face, músculos que são frágeis e que, portanto, não podem receber uma força mastigatória tão grande. Como consequência, o paciente pode apresentar dor de cabeça, bem como dores na coluna cervical, no pescoço, no ouvido, e ainda tontura. Nos casos mais graves, o bruxismo pode levar o paciente a desenvolver problemas ósseos, na gengiva e na articulação da mandíbula (ATM). “Esses foram os casos que mais aumentaram em nossos pacientes nos últimos meses”, frisou Thiago Leite.
O tratamento desta disfunção, como explica o cirurgião bucomaxilo, precisa ser multidisciplinar, envolvendo a psicoterapia, fazendo-se, necessário, muitas vezes, o acompanhamento por parte de um psiquiatra, pois, algumas vezes, o uso de algum antidepressivo é indispensável, até mesmo para trabalhar a própria ansiedade tão comum em casos de bruxismo. A placa miorrelaxante é outro recurso que pode ser utilizado para evitar que o paciente morda os dentes durante o sono, diminuindo desta forma os pontos de tensão muscular, os quais, inclusive, também podem ser reduzidos com o trabalho de fisioterapia da ATM. “A toxina botulínica aplicada na musculatura craniofacial e em um dos músculos da face (temporal) localizado ao lado da testa também pode ser um dos tratamentos que resulta no relaxamento e perda de força desses músculos, fazendo com que o indivíduo não consiga contrair a musculatura como antes”, informou.
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