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Tratamento precoce de Covid em Londrina apresenta resultados surpreendentes

 


O projeto Paraná Vencendo a Covid-19, que consiste no tratamento precoce da doença com um coquetel de medicamentos de baixo custo e acompanhamento diário dos pacientes, atendeu 1.175 pessoas entre 23 de setembro e 8 de dezembro do ano passado. Os resultados do projeto desenvolvido por médicos voluntários, com apoio da Universidade Filadélfia (Unifil), e contribuições da sociedade civil, são surpreendentes. De todos os pacientes que foram atendidos pela equipe de médicos e enfermeiros da Unifil, apenas um acabou falecendo. Todos os demais se recuperaram e, a maioria absoluta deles, sem necessidade de internação.

A Unifil cedeu o ambulatório, a infraestrutura para o agendamento telefônico e a equipe de enfermagem para o atendimento dos pacientes. Os médicos trabalharam voluntariamente tanto no atendimento presencial quanto no atendimento em telemedicina até a alta de cada paciente. 

O desenvolvimento do projeto foi possível, também, porque “a sociedade civil contribuiu generosamente com doações e estas foram revertidas em equipamentos de proteção individual aos profissionais e medicação aos pacientes, que nada pagaram pelos medicamentos ou atendimento”, conforme consta do relatório final dos trabalhos. 

Para oferecer o tratamento precoce aos pacientes do projeto Paraná Vencendo a Covid, a equipe médica atendeu pacientes até no máximo o quinto dia do início dos sintomas, embora não tenha negado socorro aqueles que procuraram o ambulatório em estado mais grave. 

Resultados

Dos 1.175 pacientes atendidos, 190 não foram tratados como pacientes contaminados por coronavírus, porque o diagnóstico foi afastado pela equipe. Os 985 pacientes restantes receberam tanto a prescrição do tratamento como a doação dos medicamentos, mas 10 deles não usaram os medicamentos. Dos 975 pacientes que usaram os medicamentos do tratamento precoce, apenas 11 foram internados, sendo 2 em UTI e 9 em enfermaria. Isso perfaz um índice global de internação de 1,1%; apenas 6 pacientes (0,6%) evoluíram para fase 2B da doença, necessitando de oxigenoterapia. As outras 5 internações foram por motivos diversos ao acometimento pulmonar, de curta duração, sem necessidade de cuidados intensivos. 

Considerando apenas os pacientes que tiveram o diagnóstico de Covid-19 confirmado, o índice de internações vai para 3,3% e ainda é muito baixo em comparação com a taxa de 19% que a literatura a respeito da doença causada pelo novo coronavírus tem demonstrado. 

A primeira internação em UTI se deu por complicações tromboembólicas pulmonares, mas não houve intubação e o paciente obteve alta hospitalar. A segunda internação em UTI foi de paciente de 68 anos. Segundo o relatório, paciente e familiares recusaram a internação imediata apesar da insistência do grupo médico e assim persistiram por mais 36 horas em casa, quando levado ao hospital foi intubado logo na chegada e infelizmente após longa internação veio a falecer. Foi o único caso de óbito de paciente atendido pelo ambulatório da Unifil.

Medicamentos usados

De acordo com o relatório equipe, o tratamento precoce básico foi composto pelas medicações hidroxicloroquina, azitromicina, zinco quelado, vitamina D e ivermectina. Nos casos que eram atendidos em estágio avançado da doença ou evoluíram para estágio avançado (segunda fase) em geral utilizou-se outros tipos de medicação, como enoxaparina, bromexina, colchicina, corticóides e antibióticos. Tanto as medicações de primeira quanto de segunda fase tem respaldo em ampla literatura mundial e inúmeros trabalhos científicos positivos em relação ao benefício de seu uso no tratamento da doença. 

Dos 975 pacientes que usaram os medicamentos do tratamento precoces, nenhum apresentou qualquer reação grave, como arritmia cardíaca ou qualquer outro sintoma preocupante. O médico Laércio Abrahão Ceconello, plantonista em Londrina e Rolândia, disse que tem receitado os medicamentos desde março, sem qualquer intercorrência mais grave. Em artigo publicado em coautoria com o promotor Erinton Cristiano Dalmaso, da 3ª Promotoria de Justiça de Cornélio Procópio, intitulado Tratamento precoce da Covid-19: medicina e Ministério Público em defesa da vida, os autores afirmam que a “medicação (cloroquina), equivocadamente atacada, é utilizada largamente no país há 76 anos, não necessitava de receita médica até o advento da pandemia, nunca foi citada como droga “perigosa” em livros acadêmicos e utilizada para tratamento de lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, várias doenças dermatológicas e também malária”.

De acordo com Ceconello, países que adotaram o tratamento precoce tem índice de mortalidade muito inferiores aos que não usaram o procedimento. Mesmo no Brasil, segundo ele, é possível observar que a taxa de mortalidade é muito inferior entre cidades que adotaram o tratamento precoce e as que seguiram como protocolo a recomendação para o paciente esperar em casa a melhora ou a falta de ar, hipótese em que deve voltar à unidade de saúde. Ele citou como exemplo União da Vitória e Curitiba. "A capital tem uma rede hospitar muito melhor, mas o índice de mortalidade é muito maior do que União da Vitória, que adotou o tratamento precoce como protocolo de atendimento", disse o médico.

No relatório final do trabalho de atendimento precoce, os médicos deixam claro que "o objetivo único do ambulatório era o de diminuir a dor e sofrimento dos pacientes e familiares acometidos pela doença, tentando minorar as internações e óbitos, não tendo vínculo político de qualquer ordem, tampouco ajuda de qualquer órgão estatal, sendo, portanto, um projeto exclusivamente de cunho privado e filantrópico”.

No artigo escrito em parceira com Dalmaso, Ceconello concluiu: “Realmente a epidemia trouxe sentimentos paradoxais: um orgulho imenso de ser médico e estar junto a um grupo de batalhadores que lutam arduamente pelo seu paciente e pelo bem de seu país e de outro lado um sentimento de vergonha de pertencer a uma classe em sua maioria inepta, incompetente, covarde, que se deixou influenciar por ideologia política e por veiculações da imprensa na sua conduta médica em detrimento da saúde de seu paciente. A classe médica será cobrada pela sociedade no pós-pandemia, tenham certeza disso”.

 Equipe

O Paraná Vencendo a Covid teve a participação de 21 médicos, 2 enfermeiras e 3 estudantes de enfermagem. Ao todo 6 médicos atenderam presencialmente e 15 médicos participaram do atendimento via telemedicina até a alta dos pacientes. O cardiologista Luiz Carlos Miguita foi um dos entusiastas e incentivador do projeto, além de ter trabalhado no atendimento dos pacientes. A coordenação ficou por conta dos médicos Laércio Abrahão Ceconello e Débora R. M. Kakitani, que também fizeram parte da equipe de atendimento.  

Além desses três, fizeram parte da equipe médica Alcione de Mello e Silva, Alexandre Barros P. Barbosa, Cristina Mara da Silva, Daniele Fernanda Cleto, Fábio Adriano Pieralise Sambatti, Flávio Lucio dos S. Zanoni, Kessae Hara Miguita, , Magali Santiago da S. Losso, Maira Cristina S. Ceconello, Márcia de Lima Brito, Maria Stela L. Paganeli, Maria Aparecida Sanz F. Azevedo, Mariane Barrueco T. Pelisari, Regina C. Villela Lemos, Sueli A.Kubiack Gorla, Tomoe Ito, Vânia Brum Moraes Cen e Wilson Torres e Souza. Da equipe de enfermagem fizeram parte as enfermeiras Carolina Santana Siqueira e Thaise Castanho da Silva e as acadêmicas Antônia L. Bueno da S. Kislk, Fernanda Gonçalves da Silva e Mariana Carolina A. F. Elias.

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