O Jornal Grande Bahia (JGB) realizou um levantamento histórico sobre a implantação, desenvolvimento e constituição da cultura aeronáutica em Feira de Santana. De acordo com a pesquisa realizada pelo veículo de imprensa, o primeiro Campo de Aviação de Feira de Santana foi inaugurado em um terreno situado no Bairro Campo Limpo, em 27 de setembro de 1942, durante a gestão do prefeito Heráclito Dias de Carvalho (1938-1943), conhecido como “Seu Lolô”. No local, funcionou o Aeroclube de Feira de Santana, que formou diversos pilotos sob a supervisão de um oficial da Aeronáutica. O clube recebeu aviões doados por Assis Chateaubriand (★1982 — †1968),
O Campo de Aviação de Feira de Santana, situado no Bairro Campo Limpo, atual Bairro George Américo, foi desativado em 1985. A área foi ocupada por populares entre 1987 e 1988. Em 1987, o terreno onde atualmente está localizado o Bairro George Américo foi declarado de utilidade pública pelo então governador Waldir Pires (1987-1989), após tentativas frustradas de impedir a ocupação da área por populares em condição de vulnerabilidade social, resultando no surgimento de um assentamento urbano no local.
A criação e inauguração do Aeroporto de Feira de Santana
Fundação e Primeiros Anos
Inicialmente, o Aeroporto de Feira de Santana era administrado pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (AGERBA). Localiza-se no Bairro Aeroporto, na região norte de Feira de Santana, a aproximadamente 12 km do centro da cidade. Contava com uma pista de pouso de 1.500 metros de extensão e uma estrutura modesta, com capacidade para receber aeronaves de até 60 lugares, sendo voltado para atender aeronaves de pequeno e médio porte.
Nos primeiros anos, a movimentação foi reduzida, com poucas operações comerciais e predominância de voos executivos e de carga. No entanto, a localização estratégica de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador, tornava o aeroporto uma alternativa promissora para o transporte regional de passageiros e cargas na Bahia.
Segundo Victor Gordiano Tavares, pesquisador sobre o tema, o Aeroporto de Feira de Santana tem potencial de abrangência para atender a população de 120 municípios na sua área de influência, o que equivale a 5 milhões de habitantes.
Tentativas de Expansão e Desafios
Ao longo das décadas de 1990 e 2010, o Aeroporto de Feira de Santana foi alvo de diversas tentativas de ampliação e modernização. A infraestrutura limitada e a falta de investimentos consistentes dificultaram o crescimento das operações. Em alguns períodos, o aeroporto chegou a operar com voos comerciais regulares, porém, a demanda instável, a falta de um planejamento sistemático e a concorrência com o Aeroporto Internacional de Salvador (Aeroporto Luís Eduardo Magalhães) limitaram o pleno desenvolvimento da capacidade aeroportuária.
Em 2009, o aeroporto foi interditado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), com interrupção nas atividades que durou até 2011.
Em 9 de setembro de 2011, após um investimento de R$ 2 milhões do Governo do Estado, durante a gestão Jaques Wagner, o Aeroporto foi reaberto com a recuperação da pista de 1500 metros, além do pátio e da área de recepção de passageiros. Além das obras de recuperação, o aeroporto passou por um processo de regularização para voos comerciais, o que o habilitou a receber entre 12 e 15 voos diários realizados por aviões de pequeno porte.
Em setembro de 2011, a ANAC liberou a operação de voos regulares no terminal, o que incentivou o Governo do Estado a decretar a desapropriação de uma área de mais de 2,3 milhões de metros quadrados ao redor do aeroporto. Essas terras foram declaradas de utilidade pública, destinando-se à ampliação do equipamento.
A Agerba anunciou, por meio do Diário Oficial de 1º de dezembro de 2011, a intenção de licitar a concessão remunerada do uso do Aeroporto de Feira de Santana. O processo de licitação, previsto para ser lançado nos próximos 30 dias, teve como objetivo a contratação de uma empresa para ampliar, administrar, operar, manter e explorar comercialmente as áreas e serviços do aeroporto.
Em 2011, após os investimentos, o Aeroporto João Durval Carneiro também recebeu a instalação da Azul Cargo, subsidiária da Azul Linhas Aéreas, que inaugurou um escritório de operações de transporte de carga na cidade. Meses antes, a companhia aérea havia demonstrado interesse em operar voos regulares em Feira de Santana, sinalizando o potencial de crescimento do terminal.
Na ocasião, deputado estadual Zé Neto (PT), líder do Governo Wagner na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (ALBA), informou que estavam previstos investimentos adicionais de R$ 6 milhões em 2012 para a continuidade das obras de ampliação do aeroporto. O total estimado para o projeto completo de modernização foi projetado em aproximadamente R$ 25 milhões.
Em 2012, o aeroporto passou por reforma, ocorreram melhorias no terminal de passageiros e na sinalização da pista de pouso. A expectativa era de que essas melhorias atraíssem novas companhias aéreas e aumentassem a movimentação de passageiros. No entanto, apesar dos esforços, o número de voos regulares continuou limitado.
Concessão e Novos Investimentos
Em 29 de maio de 2013, durante a gestão do então governador Jaques Wagner, a Agerba concedeu a administração do Aeroporto de Feira de Santana à empresa AFS (Aeroporto de Feira de Santana S/A), composta pelo consórcio UTC Engenharia e Sinart. A concessão, com prazo de 25 anos, inclui a responsabilidade pela reforma e ampliação do aeroporto, com o contrato estimado em R$ 50 milhões. São sócios da AFS, Gabriela Merces Lima, presidente da concessionária; Carlos Ferreira dos Santos e José Mario Santos.
Em fevereiro de 2014, o Aeroporto João Durval Carneiro, em Feira de Santana, foi autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a realizar voos comerciais regulares a partir de abril do mesmo ano, após seis meses de espera e intervenções no local. A notícia foi anunciada pelo deputado estadual Zé Neto, que destacou melhorias na infraestrutura do aeroporto, como requalificação de acessos, reforma de guichês, ampliação da pista e melhorias na iluminação. Zé Neto também mencionou o apoio do governo estadual para reduzir o ICMS da gasolina, incentivando voos regionais. A concessão do aeroporto é responsabilidade da UTC Participações e da SINART.
No dia 10 de setembro de 2014, a Companhia Aérea Azul realizou o voo inaugural no trecho entre Feira de Santana e Teixeira de Freitas.
Em 17 de agosto de 2015, durante o Governo Rui Costa, a empresa Mazza Engenharia concluiu a ampliação da pista de pouso.
Em 2017, a empresa Telear anunciou que assumiria a gestão do Aeroporto de Feira de Santana. Mas, a proposta parece não ter progredido e a concessão continua sendo da FSA.
Em janeiro de 2019, a Concessionária FSA informou que o Aeroporto de Feira de Santana, estava operando com voos extras até 3 de fevereiro de 2019, conectando com o Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Os voos ocorreram de segundas a sextas-feiras, com partida às 9:25 horas, em aviões com capacidade para 118 passageiros, e registram 80% de ocupação.
Em junho de 2023, a Concessionária FSA anunciou a ampliação das operações do Aeroporto de Feira de Santana, incluindo novos voos para Aracaju, operados pela Azul Linhas Aéreas. As rotas, que têm conexão em Recife, começaram a operar em 2 de junho de 2023, permitindo viagens de ida e volta com essa conexão.
Paralisação das atividades
Em 30 de maio de 2024, a Azul Linhas Aéreas encerrou as operações no aeroporto, com o último voo partindo de Feira de Santana com destino a Recife, Pernambuco. Esse encerramento levou à suspensão das atividades do aeroporto para voos comerciais, permanecendo apenas a equipe de manutenção e o pessoal técnico para suporte de pouso de aeronaves de pequeno porte e não comerciais.
Retomada dos investimentos pelo Governo Jerônimo
Em 30 de janeiro de 2024, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou a autorização para a expansão da pista do Aeroporto de Feira de Santana. O projeto prevê uma extensão de 1.800 a 2.000 metros, dependendo dos estudos técnicos. A decisão foi divulgada em uma reunião em Brasília, com a presença de autoridades como o deputado federal José Cerqueira Neto (Zé Neto, PT), o secretário de Infraestrutura da Bahia, Sérgio Brito, e o secretário de Programa de Parcerias de Investimentos, Marcus Cavalcanti.
Em 27 de agosto de 2024, o governador Jerônimo Rodrigues autorizou um investimento de R$ 8,3 milhões para a extensão da pista de 1,5 km para 1,8 km, além da construção de uma área de giro na cabeceira da pista, visando facilitar as manobras das aeronaves, e a desapropriação de áreas no entorno do aeroporto. Esses investimentos estão sendo conduzidos pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra).
Com a ampliação da pista, o aeroporto poderá receber aeronaves de maior porte, como o Boeing 737-800, com capacidade para até 200 passageiros. A expectativa é que essa obra contribua para a inclusão de Feira de Santana nas rotas e escalas de voos nacionais, ampliando a conectividade da cidade com outros polos econômicos do país.
Dados Sobre a Expansão do Aeroporto de Feira de Santana anunciada pelo Governo Jerônimo
Expansão do Aeroporto Governador João Durval Carneiro
- Autorização e Processo Licitatório:
- Autorização concedida em 27 de agosto de 2024.
- Abertura dos envelopes de propostas marcada para 28 de novembro de 2024.
- Detalhes da Expansão:
- Pista de pouso e decolagem ampliada de 1,5 para 1,8 quilômetros.
- Capacidade para receber aeronaves maiores, como o Boeing 737-800 (200 passageiros).
- Operação atual com aeronaves menores, como o ATR72 (70 passageiros).
- Investimentos e Execução:
- Investimento previsto para a ampliação da pista: R$ 8,3 milhões.
- Construção do muro patrimonial em andamento (52% concluída).
- Reprogramação da conclusão das obras para outubro de 2024 devido a desapropriações.
Impacto Econômico e Conectividade
- Nova Conectividade:
- Viagens diárias previstas para São Paulo e Belo Horizonte.
- Expansão das operações de transporte de cargas.
- Benefícios Econômicos:
- Fortalecimento da economia regional.
- Atração de novos investimentos e negócios para Feira de Santana.
- Potencial para transformar o aeroporto em um ponto estratégico de logística no estado da Bahia.
Situação Atual e Perspectivas
O Aeroporto atende a população de Feira de Santana e de cidades da região metropolitana. Embora de tamanho pequeno, o terminal de passageiros oferece salas de embarque e desembarque, balcões de check-in, lanchonete, serviço de proteção de bagagens, táxi e estacionamento. Uma unidade do Corpo de Bombeiro opera no local. Que conta, também, com uma central de abastecimento de combustível para aviação.
Nas proximidades do Aeroporto funciona uma unidade fabril da Paradise Indústria Aeronáutica, que começou a operar em setembro de 2009, além de escola de pilotagem de aviões do Aeroclube de Feira de Santana.
O futuro do Aeroporto Governador João Durval Carneiro depende do contínuo interesse de operadores privados e do apoio governamental para manter e ampliar sua capacidade de operação, fortalecendo ainda mais a conectividade da cidade de Feira de Santana com o restante do país.
Permanece a falta de planejamento estratégico de longo prazo, precedido de diagnostico de situação e projeção de investimentos estruturantes, que conecte os Aeroportos de Feira de Santana e Salvador, com o sistema rodoviário e de cargas.


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